Pesquisadoras estudam o comportamento do macaco-prego no Maciço do Urucum 53332
Esses animais ocupam áreas de mais de 400 hectares, podendo ultraar 800 hectares 3e4d5w
Em meio à intensa atividade de mineração, a região do Maciço do Urucum, em Corumbá, destaca-se pela imensa riqueza de biodiversidade. Este local abriga várias morrarias, como as de Santa Cruz, Tromba dos Macacos, Rabichão e o famoso Morro do Urucum, e é o lar de diversos animais, alguns deles ameaçados de extinção.

A exploração de minerais na área começou oficialmente em 1906, quando uma mineradora belga recebeu autorização para operar jazidas de manganês. Desde então, a mineração tornou-se uma atividade constante. Para enfrentar os desafios impostos pela mineração, um grupo de pesquisadores desenvolveu um projeto para identificar e definir estratégias de preservação do espaço.
A criação das chamadas lavras, onde o minério de ferro é extraído, resultou no desmatamento de grandes áreas. A vegetação é removida, expondo o minério, o que pode chegar a mais de 10 metros de profundidade. Esse processo fragmenta a paisagem, separando fragmentos de vegetação e afetando a movimentação dos animais.
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Em 2018, após um parecer técnico do IBAMA, foi sugerida uma avaliação técnica para entender como a exploração de minério afeta a fauna e flora da região. “O IBAMA estava conduzindo o licenciamento da mineradora aqui em Corumbá e colocou isso como condicionante. Como a mineração gera impactos, o IBAMA impõe condicionantes para mitigar esses impactos”, explica Thainan Bornato, chefe substituta do escritório técnico da Unidade Técnica de Corumbá.
A partir da recomendação do IBAMA, foi criado o Programa de Monitoramento de Primatas, liderado pela bióloga Carolina Martins Garcia, gestora da Sauá Consultoria Ambiental. “Os primatas vivem a vida inteira nas árvores, se alimentando de frutos, folhas e insetos, e também dormem nas árvores”, destaca Carolina. “Para entender como a mineração afeta esses animais, é preciso estudar sua movimentação, alimentação e reprodução”.

O foco do monitoramento é o macaco-prego, uma espécie vulnerável à extinção no Brasil. Na Mina Laís, local de pesquisa do programa, foi descoberto que esses animais ocupam áreas de mais de 400 hectares, podendo ultraar 800 hectares. Além do macaco-prego, a região abriga outras quatro espécies de primatas, tornando-se a maior concentração desses animais em Mato Grosso do Sul.
Entre as espécies presentes, estão o bugio preto, cuja fêmea é amarelada e o filhote macho jovem é meio amarelo e meio preto; o sagui-de-rabo-preto, uma espécie amazônica encontrada na região de Corumbá e Ladário; o macaco-da-noite, que possui olhos grandes devido ao comportamento noturno e só ocorre na região; e o boca d’água, uma espécie menor que emite vocalizações altas no início da manhã e no final da tarde.
“A dieta dos primatas é variada, mas a base é composta de frutos e outros itens vegetais como caules e folhas”, explica Carolina. “Essa íntima associação com o meio ambiente florestal e arbóreo reforça a necessidade de preservar esses habitats”, enfatiza a bióloga.