Vídeo mostra onça-pintada 'oportunista' devorando jacaré morto no Pantanal 6v1638
O biólogo e guia de turismo Marcos Ardevino explica que apesar das onças serem consideradas predadores do topo de cadeia alimentar, elas comem o que estiver à disposição 3s4x24
Uma onça-pintada foi flagrada se alimentando de um jacaré morto no Pantanal de Poconé, a 104 km de Cuiabá, próximo da região de Porto Jofre, na unidade de conservação Parque Estadual Encontro das Águas. O registro foi feito nessa sexta-feira (21) pelo biólogo e guia de turismo Marcos Ardevino. (Veja vídeo abaixo).
Nas imagens, é possível ver a onça-pintada arrastando o jacaré já sem vida pela margem do rio. O biólogo explica que apesar das onças serem consideradas predadores topo de cadeia alimentar, elas são “oportunistas”, o que significa que elas vão comer o que estiver à disposição.
“Elas são carnívoras, como outros felinos, então, quaisquer presas (jacaré, capivara, anta, cervo, porco do mato) que ela [a onça] achar e tiver a oportunidade de matar, ela irá fazê-lo”, detalha Marcos.
Esse comportamento, segundo o biólogo contribui inclusive para a manutenção da saúde da população de presas do felino.
“A onça vai pular [caçar] a presa que estiver mais favorável: geralmente indivíduos doentes e muito velhos. Removendo esses indivíduos da população de presas, teoricamente”, explica.
O biólogo relata que por diversas vezes observou onças-pintadas comendo animais mortos como peixes, sucuris, jacarés e às vezes até bois que morrem afogados.
Ardevino descreve que a fêmea registrada no vídeo possui entre 60 e 70 kg, era bem forte, bem grande e antes de pegar o jacaré que estava morto, ela tentou matar um jacaré muito maior do que ela que devia pesar entre 70 e 80 kg.
“Muito grande! Então, a avó dela [da onça] chegou no mesmo local e elas brigaram para disputar o jacaré que acabou escapando. Ficaram as duas com cara de tacho lá na beira do rio, olhando o jacaré ir embora. Foi bem engraçada a cena”, brinca Marcos.
Quando questionado sobre como ele conseguiu identificar que a outra onça seria a avó, o biólogo explicou que uma das onças-pintadas nasceu em 2021, e foi apelidada de Marcela. Já a onça mais velha, apelidada de Patrícia, foi observada desde 2012. Mesmo não sendo monitoradas por colar, rádio colar ou qualquer coisa do gênero, elas são vistas com frequência pelos guias e pesquisadores.
“Tem alguns indivíduos que se habituaram com a presença de embarcação e eles não veem a embarcação geralmente como uma ameaça, então eles sentem a vontade de explorar os barrancos dos rios em busca de jacaré, capivara ou qualquer outra presa que tiver fácil para eles comerem”, explica.
Marcos Ardevino destaca ainda como essa noção de tempo referente a observação das onças-pintadas, mostram a importância das unidades de conservação para a manutenção da diversidade de fauna e flora da região. “Bacana a gente ter essa noção do tempo que alguns indivíduos estão explorando aqui a mesma região, isso diz muito sobre e quanto é importante”, conclui.