Exorcista do Papa e Oferenda ao Demônio estão disponíveis para sessão dupla 682o4l

No último dia 7, morreu William Friedkin, mais conhecido como o pai de O Exorcista. A obra-prima de 1973 – bem no ano que eu nasci, cruz credo!, é, na minha opinião – e já escrevi sobre isso aqui, o filme de terror mais assustador de todos os tempos.

Munido da saudade de um filmão desse porte, resolvi olhar os serviços de streaming em busca de novas visões sobre possessões demoníacas.

E eis que me deparei com dois deles: O Exorcista do Papa, na HBO Max, e Oferenda ao Demônio, no Prime.
Confesso que, quando aram no cinema, não me animei nem um pouco para assisti-los. Até por isso não escrevi nada aqui na coluna sobre eles.

Mas aí veio a morte de Friedkin e fez-se necessário esse sacrifício. Justamente para me lembrar o quão grandioso foi o filme – baseado em fatos — sobre um demônio que toma o corpo de uma adolescente vivida por Linda Blair. Quem já não ouviu falar ou viu as cenas antológicas em que a menina vira a cabeça 360 graus e vomita uma farta sopa de ervilhas…

Isso em 1973 fez um rebuliço enorme. Como lidar com um mal assim tão perto? Longe das falas das igrejas e dentro de um apartamento nos Estados Unidos. Poderia ser a casa de qualquer um de nós – sai de retro!!!

Nunca um outro filme de possessão se aproximou do impacto que O Exorcista trouxe.
E as tentativas não param. Imagine você trazer um homem real, o padre italiano Gabrielle Amorth, que, durante muitos anos, foi o Exorcista-chefe do Vaticano, para as telas?

Não tem como dar errado!

Hum… bem… Não foi Friedkin que dirigiu, né?

E sim Julius Avery, responsável pelo ok Operação Overlord, filme de 2018 que mistura terror e guerra – vale como entretenimento.

Julius convocou – com certeza pelo orçamento baixo – o oscarizado, mas decadente, Russel Crowell, o gladiador em pessoa. Mas com muitos, e bota muitos nisso, quilos a mais.

Ele vive o padre que tem a missão de exorcizar o demônio Asmodeu do corpo de um menino que acaba de se mudar para um imóvel onde funcionou uma abadia na época da inquisição espanhola. O castelinho europeu foi herdado por uma viúva e os dois filhos.

Então, já temos o exorcista real número 1 do Vaticano e o segundo na hierarquia dos demônios. Segundo a mitologia, Asmodeus, o rei do inferno, só fica abaixo de Lúcifer na linha de comando lá de baixo.

O que era para ser uma grande sacada se torna um filme muto abaixo da média. Os roteiristas resolveram colocar o demônio como explicação para o absurdo da inquisição. E um padre totalmente inexperiente, Thomas Esquibel, como figura chave nesse combate depois que Amorth precisa sair de cena.

Olha, a causa da morte de Friedkin, aos 87 anos, não foi revelada oficialmente. Sei que estão falando que Friedkin morreu de complicações de uma pneumonia e problemas cardíacos. Mas fico na dúvida se ele não assistiu a O Exorcista do Papa recentemente e se isso não teria alguma relação com um desgosto profundo pelo legado do tema que acabou deixando…

Enfim, o filme termina com deixa para 199 continuações – é sério, se assisitir vai entender e ficou com nota 6,1 no IMDB, uma das plataformas mais credenciadas de análises de filmes. Então, apesar de eu não ter gostado, sempre fica melhor quando as expectativas diminuem.

Agora, falando de Oferenda ao Demônio. Eu gostei mais do que o do Russel Crowe. Não que seja um filmaço. Pelo contrário, também é ruim. Mas se eu fosse amarrado numa cadeira de tortura e me dessem a opção de ver novamente um dos dois, com certeza, seria esse.

Art retorna à casa do pai para uma conciliação. Ele é judeu e resolveu se casar com uma mulher de outra religião. Foi meio que expulso de casa e, com ela grávida, acaba tendo a chance de se reunir novamente com a família.

O pai dele é dono de uma funerária e recebe o corpo de um doidão que resolveu fazer um ritual satânico para ter a esposa morta de volta.

Claro que deu errado e sobrou pra família da funerária. O demônio – esse até com chifres e cara de bode – quer porque quer a criança pra ela. Ah! Essa figura é conhecida na mitologia europeia por apanhador de crianças.

Aí fica a luta do bem contra o mal – se bem que o bem também é mal – e segue uma série de sustos formados mais pelo aumento repentino do som do que pela situação.

O que me fez preferir esse ao Exorcista do Papa? O final. Gostei mesmo do final. Claro que não vou contar, fiquem tranquilos. Mas achei que cabe bem num filme de terror.

Mas deixo uma menção honrosa para a introdução do filme sobre o padre Amorth, autor de vários livros e artigos sobre possessões.

Na tela, por escrito, aparece a seguinte frase:

“Quando zombamos do diabo e dizemos que ele não existe, é quando ele fica mais feliz.”
Friedken fez do demônio uma lembrança eterna com o Exorcista. Esses dois exemplares, com certeza, será esquecidos logo logo.

Pelo menos, vão fazer alguém feliz. Mesmo que seja no quinto dos infernos.