Lu fugiu da violência e recomeçou do zero fazendo minimundos em MS 5c2m5b

Luciene superou anos de agressões físicas e psicológicas através do artesanato 5l1b13

Como tantas outras vítimas da violência doméstica, a artesã Luciene Lima da Silva teve a vida destruída por um marido violento. Perdeu o trabalho, um lar e a própria filha enquanto estava presa a um casamento tóxico.

minimundos da lu 11
Luciene durante a confecção de uma das peças dela. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando enfim conseguiu se livrar dos anos de agressão física e psicológica, Luciene encontrou em Campo Grande a possibilidade de recomeçar. Através do artesanato, ressignifica um ado marcado pelos traumas do relacionamento abusivo que viveu.

Pesadelo p2i6s

Foi em Sinop, norte de Mato Grosso, que Luciene tentou construir uma vida ao lado do antigo marido, mas a expectativa de um relacionamento tranquilo, com o tempo se transformou em um pesadelo.

minimundos da lu 1 3
Uma das réplicas feitas por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Luciene ou a ser agredida pelo então companheiro. A violência não cessou nem após engravidar, até que no sétimo mês de gestação o pior aconteceu. Sofreu um aborto, tragédia que atribui à violência que sofria.

“Perdi a minha bebê devido aos maus-tratos que eu sofria, era muito estresse. A bebê morreu dentro da minha barriga, eu estava no sétimo mês de gestação, tive que tirá-la”.

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 13
Réplica feita por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas Luciene demorou a ter consciência da gravidade das violências que sofria. Continuou casada e dois anos e meio após o aborto engravidou novamente do agressor. Foi então que a relação voltou a ficar insustentável.

“Ele me batia, me prendia dentro de casa e ainda queria que eu tirasse o meu neném, sendo que eu já tinha perdido a menina”.

Luciene Lima da Silva, artesã.

minimundos da lu 10
Diorama feito por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

O recomeço 2r1e2y

Cansada de sofrer, Luciene tomou uma atitude radical, mas necessária. Se viu obrigada a abandonar o trabalho como professora de educação física e se mudar para Campo Grande, em 2008, grávida e acompanhada apenas da filha, que à época tinha 9 anos, deixando para trás anos de violência. Na capital, conseguiu abrigo na casa de uma amiga.

“Eu perdi meu concurso público, minha casa, perdi tudo e vim para cá morar de favor. Aqui eu vendi pão caseiro, bombom, pão de mel na rua com um bebê de três meses na barriga. Eu tive que fugir porque naquela época não tinha a lei Maria da Penha, não tinha no que me apegar”.

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 3
Diorama feito por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Diante de anos de abuso, desenvolveu síndrome do pânico, depressão e ansiedade. Mas com a mudança para Campo Grande, a vida foi voltando para os trilhos. Se casou novamente e começou a trabalhar como motorista de aplicativo, antes da pandemia.

Inicialmente, andar pelas ruas da capital, conhecer os mais variados tipos de pessoas, ajudou a artesã a lidar com os problemas psicológicos que enfrentava. Mas com o ar do tempo, viu a ansiedade aumentar por conta do estresse que ava no trânsito.

“A minha terapeuta me orientou a buscar uma atividade que me ajudasse a lidar com essa ansiedade. Foi então que descobri os dioramas, aprendi tudo pela internet”.

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 4

Descoberta de um talento 2lk3w

A técnica consiste na representação de cenários em miniatura. Utilizando massa acrílica, cola, tinta, palitos de picolé e até caixinha de creme de leite, Luciene constrói “minimundos” em que reproduz casas, fachadas e demais cenários que encantam pelo realismo.

Começou a produzir os “minimundos da Lu”, há cerca de um ano e meio. As primeiras peças foram feitas por Luciene em vasos de plantas que a artesã vendia em feiras livres da capital.

minimundos da lu 2
Minimundo feito por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Até então, as obras feitas por Luciene eram criadas por ela mesma, instintivamente. Mas recentemente começou a receber pedidos de reprodução de cenários reais, quem tem algum significado para os clientes.

Desde casas onde eles moravam quando crianças até miniatura do lar de algum familiar já falecido. Os pedidos tornam o trabalho da artesã ainda mais simbólico.

Leia mais 436e28

  1. Amigos que a pescaria uniu dão apoio de ouro para Mair enfrentar câncer incurável 1xu2i

“Porque aí o sentimento das outras pessoas também está envolvido. As pessoas pedem, por exemplo, a miniatura da casa onde a mãe morou e daí faleceu. Elas querem replicar uma casa em que elas aram boa parte da infância. Eu olho as fotos e faço a casinha antiga em miniatura. Tento focar nos mínimos detalhes, quando o cliente vê que reproduzi até o que aria despercebido, ele fica encantado”.

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 5

Vale ressaltar que o que Luciene confecciona não são maquetes.

“A maquete é um projeto de algo que vai nascer, de algo que estão projetando. Os dioramas são réplicas das casas ou de algum cenário vivo, real, que já existe e é transformado em miniatura”.

Luciene Lima da Silva, artesã.

Hoje em dia, a arte é o refúgio de Luciene. A artesã ressignificou o próprio sofrimento, idealizando os cenários de uma vida perfeita enquanto reconstruía a própria vida do zero.

“Foi muito difícil superar tudo o que vivi, mas eu consegui através do artesanato”

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 9
Diorama feito por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Luciene espera que sua história sirva de exemplo para outras mulheres que também estão tentando reunir forças para romper um ciclo de violência.

“Eu quero que a minha história possa ajudar outras mulheres que também am por uma situação de violência, que estão sem um norte. Eu vim de Sinop para cá sem nenhuma perspectiva, não sabia nem o que eu ia fazer da minha vida e com filho na barriga. Perdi meu concurso e hoje eu já tenho minha casa de volta, meu carro, tenho meu filho, tenho uma vida estabilizada, mas tudo porque eu ergui a cabeça, lutei, batalhei muito”.

Luciene Lima da Silva, artesã.
minimundos da lu 8
Diorama feito por Luciene. (Foto: Arquivo Pessoal)

FALE COM O PP 2n1039

Para falar com a redação do Primeira Página em Mato Grosso do Sul, mande uma mensagem pelo WhatsApp. Curta o nosso Facebook e nos siga no Instagram.

Leia também em Comportamento! 5x6y5z

  1. Festa de São Benedito

    IBGE: católicos são maioria em Mato Grosso 354m5

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nessa sexta-feira (6)...

  2. Aprenda a fazer um amuleto poderoso para blindar sua casa 3j2d70

    Sentindo o ambiente pesado, energias estranhas ou até olhares negativos?...

  3. Bandeirinhas de Festa Junina

    Cuiabá entra no ritmo das festas juninas no início de junho; confira a programação 6j2342

  4. Festa Junina Fit: 4 receitas típicas com poucas calorias 6a2d1s

  5. evangélicos

    Católicos em queda, evangélicos em alta: a nova geografia da fé em MS 6c625u

    O número de católicos em Mato Grosso do Sul caiu, segundo dados...

  6. Um a cada 4 brasileiros são evangélicos, mostra IBGE 5s6iy