População carente dorme em fila na rua para ganhar ossinhos e cesta básica em Cuiabá 39535t

Para muitas famílias, essa doação é a única forma de colocar um pedaço de carne na mesa 2e5t73

A insegurança alimentar que atinge famílias brasileiras têm reflexos em diversas cidades dos 26 Estados e do Distrito Federal. Em Cuiabá, há 10 anos um açougue distribui ossinhos, porém com o prolongamento da pandemia e o crescimento do desemprego, o número de pessoas que têm aparecido na porta do estabelecimento em busca de um “socorro”, aumentou. A situação voltou a se repetir nessa quarta-feira (22), a poucos dias do Natal, com gente dormindo na fila, na rua, para tentar conseguir colocar um pedaço de carne na mesa.

Grupos de ajuda comparecem nessa fila, que é formada na Rua Professora Alice Freire Silva, no bairro A III, e fazem doação de sacolas de alimentos. Às vezes, nem todos conseguem essa sacola, mas pelo menos sempre saem com o ossinho. 

“Não tinha tanto sacolão para doar para todo mundo. Aí aconteceu de a gente começar a distribuir conforme fossemos ganhando. Se eu ganho 50 hoje, quinta-feira vou lá na fila e distribuo para os primeiros 50. Com isso, e pela necessidade deles, eles começaram a dormir lá para não ficarem sem. Eles chegam lá até um dia antes, porque a esperança deles é de haver doações e a gente soltar no outro dia”, conta Samara Rodrigues de Oliveira, dona do açougue. 

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Fila dos ossinhos: população carente depende de doação para conseguir colocar um pouco de carne na mesa. (Foto: Leonardo Almeida)

Ossinhos para as famílias  2k5am

Arlino Oliveira Lima Filho tem 56 anos, está aposentado por invalidez, mora no bairro Serra Dourada e foi o primeiro a chegar na fila. Nessa quarta-feira (23), ele chegou às 11h da manhã, sendo que a distribuição dos ossinhos só começaria às 8h do dia seguinte. 

“Esse ossinho tem me ajudado bastante. Minha aposentadoria é para pagar aluguel, água, luz e gás. No final, não sobra nada. Com a ajuda que ganho aqui é muito bem-vindo. Antigamente pegávamos [ossinho] três vezes por semana. Agora pegamos duas. A mistura da casa é isso aí, dura por uma semana. Segunda-feira já começa a luta novamente”, conta Arlino, que mora com a esposa e há dois anos frequenta a fila por ossos. 

Já Maria da Penha Rodrigues dos Santos, de 73 anos, mora com a filha, neta e bisneta. Ela era a ‘representante’ da família com a missão de buscar carne para o prato. Maria está desempregada há 17 anos e ainda não conseguiu se aposentar. 

“Comecei a vir esse ano. Sempre que posso estou aqui. Eu preciso. Não tá dando pra comprar carne todo dia”, conta.

 

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População dorme em fila na rua para ganhar ossinhos em Cuiabá. (Foto: Leonardo Almeida)

Quatro anos na ‘guerra’  3g5a2k

Antônio Ricardo Nascimento, de 42 anos, tem problemas visuais e vive de auxílio. Há quatro anos ele frequenta a fila do ossinho, para alimentar a esposa e os dois filhos. 

“A gente vai dando um jeito… Semana que vem volto pra guerra de novo. Apagando e perdendo, mas volto”, fala. 

‘A gente não acostuma’ 242k4p

Samara explica que, em média, 600 pessoas costumam ser assistidas, por semana. Uma situação com a qual a proprietária ainda não se conformou. 

“A gente não acostuma. A cada vez, a preocupação é maior. Eu costumo dizer para todos que vão lá doar, que eles não precisam só de comida. Quando você se envolve no meio deles, você vê ali que são pessoas ‘miseráveis’ em vários sentidos da vida. Não só da fome. É um conjunto de coisas. São pessoas que muitas pessoas que querem trabalhar”, expressou.

De acordo com Samara, sempre houve famílias necessitadas para assistir. Embora seja dramática a situação de muitos, ela se sente feliz pela ajuda que oferta.

Fila dos ossinhos reúne famílias carentes em Cuiabá.

“A gente fica feliz por estar sendo instrumento ali, uma esperança, para eles terem pelo menos o que comer. Por outro lado, se você sentar ali e ouvir as histórias deles, o bicho pega. Não é fácil”, desabafa.

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