O Brasil de fora das turnês pelo Brasil 2f6p5s
Uma carta do interior do Brasil, para amolecer os corações e abrir os olhos dos produtores de shows internacionais que não acreditam que também podemos lotar estádios falando porta porteira e portão. 243z55
Interior do Brasil, 22 de novembro de 2023.
Queridos produtores brasileiros de shows internacionais,
Como vão? Espero que aí, no lado do Brasil que vocês vivenciam, o trânsito parado, a imprevisibilidade do tempo e a falta de segurança, não os tenha aborrecido muito no dia de hoje.
“Red Hot Chili Peppers anuncia turnê pelo Brasil”
“Vai vir pro Brasil: Taylor Swift viajará com shows pelo país”
“RBD: O fenômeno mexicano fará tour no Brasil”
Gostaríamos de alertá-los que este não é o mapa do Brasil:

Nós falamos de um lugar mais pacato um pouco mais acima e à esquerda. Nas cidades por aqui, 15 minutos é o tempo máximo de deslocamento.
Tem época do ano que chove, tem época que não chove de jeito nenhum.
O único arrastão que a gente conhece é quando se joga a rede no rio pra tentar pegar muitos peixes de uma só vez. Mas até esse tipo de arrastão já não deixam mais fazer por aqui.
Nós estamos bem mais perto dos Estados Unidos e do México do que Rio e São Paulo. Pelo menos, uns 1500 quilômetros. Pode pousar em Brasília e pegar descendo. Sai mais barato. Isso sem falar que nossos hotéis e restaurantes têm preços muito mais atrativos.
Nosso povo também pode pagar 400 num ingresso. Tem muita gente rica aqui! Já ouviu falar do agro? É nois! Nem todos nois, mas é nois também! E as maquininhas também parcelam em 12x por aqui.
Mesmo nossa gente sendo do agro, ouvimos outros estilos além do sertanejo. Tem muita gente aqui que gosta de pop, de rock, de metal, de R&B. Estamos bem conectados. Tem até internet. Consumimos músicas em inglês. Inclusive até puxamos naturalmente o R na hora de falar, coisa que eles do “brasil” não fazem. (Mas não puxamos o R no final da frase como a na novela, nesses casos a gente suprime o som do R.)
Temos fornecedores de equipamentos para shows de primeiríssima qualidade nas nossas capitais. Cuiabá, Campo Grande e Goiânia, por exemplo, poderiam atender riders de shows internacionais sem depender do Sudeste.
Os artistas também poderiam aparecer em vários rolês aleatórios por aqui.
Chad Smith poderia tocar bateria no palco da Valley, Taylor Swift ficaria muito feliz em curtir a paz do Pantanal enquanto observa uma onça e a Anahí iria adorar contemplar o morro dos ventos, em Chapada.
A gente sabe que aqui não tem muita gente junto. Tipo, muita gente num lugar só. Mas aqui tem muita gente! Elas só estão espalhadas.
E outra, estamos no meio do país. Se fossemos marcar um ponto de encontro justo pra toda a população brasileira, o ponto seria aqui! Fica bom pra todo mundo.
O que acham de nos convidar para fazermos parte do Brasil de vocês?
Humildemente e sem condições de pagar caro em agem aérea e com vergonha de pedir folga pro chefe pra viajar pra outras regiões do Brasil pra poder curtir um show internacional,
Interior do Brasil.
Ps: Ah, e se vocês nos aceitarem, também podem chamar a música que fazemos por aqui de música brasileira? Porque sempre chamam de “música regional”.
Comentários (3) 731q5p
Adorei esse carta, sempre pensei o mesmo, o interior do Brasil é esquecido praa tudo
Penso da mesma forma. Merecemos ser lembrados e agraciados com a vinda de bons shows sejam nacionais ou internacionais.
Poderia começar pela vinda do Titãs Encontro, concordam??
Eu também concordo somos esquecido…..