MS terá um mesmo partido no governo pela terceira vez seguida 3b2w4x
A vitória de Eduardo Riedel (PSDB) na eleição para o governo traz um fato inédito para a política de Mato Grosso do Sul: um mesmo partido no comando do Executivo pela terceira vez seguida, já que o atual governador tucano Reinaldo Azambuja está terminando o segundo mandato.

“É um mesmo partido no poder, que está indo para o terceiro mandato seguido. Se nós voltarmos na história das eleições no Mato Grosso do Sul, somente o Wilson Barbosa Martins, lá nos anos 80, fez seu sucessor, que era o Marcelo Miranda em 86, mas mesmo assim na época não existia reeleição. Se a gente considerar a época da reeleição, até o presente momento, nenhum partido tinha conseguido emplacar três vitórias seguidas, como agora com o PSDB”, analisou o cientista político Daniel Miranda, em entrevista ao Bom Dia MS desta segunda-feira (31).
Neste segundo turno, Eduardo Riedel foi eleito governador com 808.210 votos (56,90%), enquanto Capitão Contar (PRTB) obteve 612.113 votos (43,10%).
“Até certo ponto, a gente pode considerar que o resultado não é surpreendente, porque as pesquisas apontavam que eles estavam próximos. Mas por outro lado, o que foi surpreendente foi a dianteira que ele abriu foi muito maior do que até ele mesmo esperava, do que boa parte das pessoas que acompanham esperava”, destacou Daniel Miranda.

“Eu esperava, até pela força do bolsonarismo no Mato Grosso do Sul, o Contar com uma votação um pouco maior, com desempenho um pouco melhor. Até o Bolsonaro eu esperava um pouco mais forte do que ele foi e puxando ainda mais o Contar, mas o Contar acabou não crescendo tanto, embora tenha se vinculado fortemente ao bolsonarismo”, completou.
Em Mato Grosso do Sul, no segundo turno para presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) teve 880.606 votos (59,49%), enquanto Lula (PT) obteve 599.547 votos (40,51%).
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Ainda sobre a votação para governador, Daniel Miranda comentou a situação no nível dos municípios sul-mato-grossenses.
“No primeiro turno, Capitão Contar venceu nas maiores cidades de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, enquanto a ida para o segundo turno do Eduardo Riedel foi garantida pela vitória dele no interior, nas cidades menores. No segundo turno, a gente observa uma virada, o Capitão Contar em parte acabou não crescendo tanto porque o Riedel cresceu muito nas grandes cidades. Em grande parte, essa vitória do Riedel foi construída mantendo o interior, que ele já tinha, e conquistando as grandes cidades do estado.”
Relacionamento com Lula 2r5u2p
O cientista político falou também sobre como deve ser a relação entre o novo governo estadual e o presidente eleito Lula.
“O cenário é relativamente favorável para Mato Grosso do Sul por causa da Simone Tebet, que é daqui e assumiu uma proporção, uma importância, um peso muito grande na campanha vitoriosa do Lula no segundo turno. Então isso tudo ajuda, há espaço para construir pontes. E a campanha do Riedel não foi tão antipetista quanto a do Contar, que foi o bolsonarismo mais raiz, então ele assumiu uma postura mais crítica em relação ao PT. Como o Riedel não precisou, nem podia apelar muito, embora ele tenha aderido ao bolsonarismo, ele não fez uma campanha tão pesada contra. Então existem muitas pontes, muitas situações favoráveis.”
Municípios, Assembleia Legislativa e Congresso Nacional 2f1n6b
“O cenário é muito favorável ao Riedel porque a gente tem que lembrar que, em 2020, o PSDB fez quase metade das prefeituras aqui no Mato Grosso do Sul e, nestas eleições, fez a maior bancada para deputados federais e para deputados estaduais. Então houve toda uma construção, sucessão de vitórias eleitorais que coloca, do ponto de vista mais estritamente político, um cenário mais favorável ao Riedel, embora haja esses desafios econômicos e orçamentários. Mas do ponto de vista político, é um cenário muito favorável”, pontuou Daniel Miranda.
“Lembrar que a Tereza Cristina, que é uma apoiadora de primeira hora da candidatura do Riedel, que fez a ponte entre o Riedel e o Bolsonaro, que garantiu aquela declaração de neutralidade do presidente Bolsonaro aqui no Mato Grosso do Sul. É uma senadora que foi muito bem votada, que transita muito bem, foi muito elogiada na sua agem pelo Ministério da Agricultura, conseguiu se projetar e consolidar nacionalmente. Então penso que essa ponte, que já está construída, que já está sólida no cenário nacional, para o Riedel vai ser algo que eu suponho que ele vai explorar bastante”, finalizou o cientista político.