Na ALMT, médica critica fechamento da Santa Casa de Cuiabá: 'Querem destruir a história?' 2grw

Durante audiência na Assembleia, médicos denunciaram o desmonte da saúde pública e defenderam a preservação da Santa Casa, que tem mais de 200 anos de história. 4ub14

O anúncio do governo de Mato Grosso sobre a possível desativação do Hospital Estadual Santa Casa de Cuiabá provocou duras críticas de médicos, entidades e profissionais da saúde durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (19) na Assembleia Legislativa (ALMT).

Durante a reunião promovida pela Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da ALMT, participantes classificaram como inaceitável a proposta de encerramento das atividades da unidade, que é uma das mais tradicionais da capital mato-grossense.

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Médica Eliane Curvo fez críticas à intenção do governo em fechar o hospital – Foto: Luciano Campbell/ALMT

A médica endocrinologista Eliane Curvo, que atuou por muitos anos na Santa Casa, fez um apelo emocionado durante a audiência. Para ela, o fechamento da unidade é um desrespeito com a história da saúde pública do estado.

“Serviço de saúde não se fecha. Serviço de saúde se melhora. É um absurdo escutar um secretário dizer que a Santa Casa está ‘moribunda’. Isso aqui é gente, são vidas”, declarou.

Eliane relembrou que, em 2012, já participava de discussões na ALMT sobre os riscos de desmonte da saúde pública e reforçou a importância de preservar a Santa Casa, que tem mais de 200 anos de história.

“Querem fechar? Vocês querem o quê? Destruir a história? A Santa Casa atendeu com excelência por décadas. O Estado tem dinheiro, o que falta é vontade política e planejamento”, disse.

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Audiência pública na ALMT discutiu situação da Santa Casa de Cuiabá. (Foto: Luciano Campbell/ALMT)

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Diogo Sampaio, alertou para os prejuízos assistenciais que a desativação do hospital pode gerar, principalmente para atendimentos de alta complexidade e pediatria.

“Estamos falando de uma unidade com cerca de 200 leitos, 41 de UTI – muitos deles neonatais e pediátricos –, 10 salas de cirurgia, nefrologia pediátrica e o único pronto atendimento infantil com pediatras da Baixada Cuiabana. Não é simples assim dizer que vai fechar a Santa Casa”, afirmou.

Diogo também destacou que o custo estimado para manter a Santa Casa funcionando seria menor do que o necessário para construir nova estrutura com a mesma capacidade.

Segundo ele, o hospital é referência para todo o estado, especialmente em oncologia clínica e radioterapia, áreas que, segundo ele, não contam com retaguarda suficiente na rede pública.

“Como vai ficar o tratamento oncológico dos mato-grossenses se fecharmos a Santa Casa sem alternativa viável? A população vai pagar o preço da ausência de planejamento”, alertou.

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Profissionais se dizem preocupados com continuidade dos atendimentos especializados no Hospital Estadual Santa Casa de Cuiabá. (Foto: Reprodução)

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Apesar da previsão de que o Hospital Central absorva parte da demanda da Santa Casa, especialistas alertam que a estrutura ainda está em fase de conclusão e não terá capacidade imediata para substituir integralmente os serviços oferecidos atualmente.

O promotor de justiça Milton Mattos disse que a decisão de fechar a unidade de saúde não é simples e o Ministério Público irá notificar o Estado caso isso aconteça, sem um plano claro. 

“Fechar a Santa Casa de maneira abrupta sem um plano muito bem feito, de para onde os serviços que existem ali vão, nós do Ministério Público somos contra. E, caso isso seja feito, obviamente, vamos notificar o Estado de Mato Grosso e tomar as medidas necessárias para que o Estado garanta que nenhum serviço que existe hoje lá na Santa Casa, ele seja perdido”, defendeu o promotor.

O CRM-MT, por meio de seu presidente, fez um apelo à Assembleia Legislativa e ao Governo do Estado para buscar uma solução definitiva que mantenha a Santa Casa em funcionamento.

“Não dá para fechar um hospital com 22 habilitações no CNES, pronto atendimento pediátrico, oncologia, nefrologia pediátrica. Não dá para fechar uma história de 200 anos que atendeu tão bem a população mato-grossense”, concluiu Diogo Sampaio.

A unidade pode deixar de funcionar sob a gestão do Governo de Mato Grosso, com a inauguração do Hospital Central. A informação foi confirmada pelo secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, durante uma audiência pública realizada em abril.

Com isso, o hospital pode ser desativado ou transferido para a istração de outra unidade pública ou até privada, por meio de aquisição.

A audiência foi solicitada pela Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da ALMT, com o objetivo de discutir o futuro da unidade hospitalar e os impactos da possível desativação.

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