Em MT, 40 pessoas morrem vítimas de acidentes elétricos 16426v
Mais de 130 ocorrências de acidentes com eletricidade foram registradas no ano ado 53l18
Mato Grosso vive um alerta vermelho quando o assunto é segurança elétrica. Em 2024, o estado já registrou 131 ocorrências relacionadas à eletricidade, resultando em 40 mortes — 37 causadas por choques elétricos e 3 por descargas atmosféricas (raios).
Em Cuiabá, foram 38 casos, sendo 29 incêndios provocados por sobrecarga elétrica e 7 mortes por choque. Os dados, além de alarmantes, expõem uma realidade que poderia ser diferente.

De acordo com especialistas, muitos dos acidentes poderiam ser evitados com o uso correto da rede elétrica, materiais de qualidade e manutenção adequada.
Um exemplo recente foi a morte trágica de Anderson Cristiano Moreira, de 44 anos, que ocorreu no dia 19 de maio. Ele trabalhava na pintura de um prédio em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, quando encostou acidentalmente em um fio de alta tensão. Anderson morreu na hora, eletrocutado.
Outro caso emblemático é o de Lenildo Joaquim, dono de uma distribuidora no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. Em 2022, ele perdeu todo o estoque e a estrutura do seu negócio após um incêndio causado por sobrecarga elétrica.
Ele costumava ligar vários freezers em uma única tomada, mesmo com sinais claros de risco, como fumaça e faíscas. “Já dava sinais, queimava, a gente trocava. Pegava um foguinho, mas a gente não ligava muito”, contou.
O prejuízo foi de cerca de R$ 250 mil. “Não sobrou nada. A sensação foi horrível. Trabalhar tanto e ver tudo indo embora assim”, desabafou Lenildo. Atualmente, com a ajuda da comunidade e mudanças na parte elétrica, ele voltou a operar no mesmo endereço, mas com muito mais segurança.
Os números levantam uma preocupação séria para o setor elétrico. Segundo Ênio Rodrigues, diretor executivo do Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos), muitos dos fios vendidos no mercado não estão em conformidade com as normas técnicas, mesmo que tenham selo de certificação. “Dos 156 fios testados, 116 estavam fora das normas do Inmetro”, revelou.
Matheus Jorge, engenheiro da Qualifio, explica que fios fora do padrão, chamados de “desbitolados”, têm menos cobre do que deveriam, o que pode levar ao superaquecimento, fumaça e até incêndios. “Um fio fora da norma pode parecer normal por fora, mas esconde um risco enorme dentro das paredes das casas”, afirma.
Em busca de soluções, a Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) e o CREA-MT (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso) organizaram um evento para discutir estratégias de prevenção.
Segundo engenheiro eletricista, Danilo Ferreira, presidente da Abracopel, uma das formas de identificar cabos de qualidade é por meio de testes de resistência. “Estamos catalogando fabricantes e promovendo campanhas para ajudar o consumidor a reconhecer produtos confiáveis.”
Juarez Samaniego, presidente do CREA-MT, destaca a importância da atualização constante dos profissionais da área. “Segurança elétrica começa na formação técnica e na escolha correta dos materiais”, pontua.
Hoje, Lenildo comemora a retomada do seu negócio com uma nova consciência. “Aprendi da pior forma, mas agora durmo tranquilo”, diz. A distribuidora funciona no mesmo local, mas com instalações modernas e seguras, graças ao trabalho de profissionais capacitados, como o eletrotécnico André Cavalheiro.