Entidades se manifestam sobre caso de racismo contra professora de Rondonópolis 4k5y62
O Compir (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial) se manifestou sobre o episódio de racismo e, por meio de nota, repudiou a ação da servidora, que já foi identificada, e da unidade do Detran. 2b315r
Um levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em julho do ano ado, mostrou que o total de brasileiros que se autodeclaram pretos cresceu 32% em 10 anos, enquanto o número de pardos teve aumento de 11% ao longo do mesmo período. Porém, mesmo representando, atualmente, 56% da população brasileira, eles ainda são alvos do racismo, discriminados pela cor de suas peles, pelo aspecto de seus cabelos e todos os outros traços que escancaram a ancestralidade africana.
Enquanto isso, num movimento contrário, a população negra ainda tenta reafirmar sua força, soltar o cabelo black power sem medo, usar adereços e se vestir como quem conta a história de gerações adas que também lutaram. Ser resistência em corpo de pessoa!
Mas o fato é que mesmo diante de tanta luta, eles ainda não estão livres da possibilidade de, em um dia qualquer – ou todo dia, serem alvos de olhares racistas, falas e ações de injúria racial, desrespeito e desigualdade.

É o caso da professora Keila Pereira da Silva, de 37 anos, que foi vítima de racismo na última segunda-feira (9), enquanto tentava tirar uma foto para renovar sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em uma unidade do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
Em entrevista ao Primeira Página, Keila contou o episódio de humilhação pelo qual ou por mais de 20 minutos, enquanto a atendente pediu, primeiramente, para que ela retirasse o turbante que usava e, depois, para que ela se reposicionasse diversas vezes pois o cabelo estava “muito alto”.
Repúdio contra o racismo 395b2h
Após o ocorrido, o Compir (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial) se manifestou sobre o assunto e, por meio de nota, repudiou a ação da servidora, que já foi identificada, e da unidade. Segundo o Conselho, ambos devem responder pelo crime de racismo.

O presidente do Compir, Wagner Santos, afirmou ao Primeira Página que a denúncia sobre o caso já foi registrada e a entidade está enviando as informações para a OAB-MT (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso) para que as medidas de punição possam ser avaliadas e tomadas.
Repercussão 696y2g
Para Luzia Nascimento, professora da rede pública, integrante movimento Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade) de Rondonópolis e vice-presidente do Conselho de Igualdade Racial de Mato Grosso, o racismo “não cabe mais na sociedade”.
Diante do episódio racista, Luzia afirma que o problema em questão é das instituições e não da população negra. Segundo ela, são as instituições que não estão preparadas e não preparam seus trabalhadores para lidar com os aspectos, com as particularidades da população negra.
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Mudança na Lei 222h51
Na última quarta-feira (11), a população negra pôde contar com uma mudança na lei que simboliza um pouco mais de respeito aos que já foram vítimas de desrespeito, bem como às lutas antirracistas.
É que com a nova lei, sancionada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a injúria racial se iguala ao crime de racismo, tendo pena de dois a cinco anos de prisão e colocando fim à opção de pagamento de fiança por parte do acusado.
O crime de injúria racial é caracterizado quando uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o de racismo ocorre quando o agressor atinge um grupo ou coletivo de pessoas, discriminando uma raça de forma geral.