Successione achou lista com 3 marcados para morrer, afirma Gaeco 1a4j6i
Manuscrito com três nomes e o título "lista de quem vai pular" foi achado durante as buscas da Successione e é interpretado como ameaça de morte às pessoas citadas 161bz
Além de assaltos a recolhedores de dinheiro do jogo do bicho, a organização criminosa alvo da operação Successione, em Campo Grande, está sob suspeita de planejar assassinatos. É o que consta de documento do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) apresentado à Justiça, para pedir a prisão de envolvidos no esquema, cujo comando é atribuído ao deputado estadual Neno Razuk (PL).

Durante as buscas e apreensões da Successione, desencadeada no começo de dezembro de 2023, foi achada uma anotação interpretada como lista de pessoas ameaçadas de morte. No papel, está escrito “lista de quem vai pular”. Logo abaixo, aparecem três apelidos, dois de homens e um de mulher.
Explicação do Gaeco em peça processual
“A expressão ‘pular’ constante do escrito é comumente utilizada no meio policial para referir-se a execuções, tal qual ocorre com ‘empurrar’, tanto que no escrito está acompanhada de parênteses.”
Não existe informação de que esses crimes tenham sido cometidos, até porque a quadrilha foi desmantelada pela Successione.
A apreensão com os nomes das pessoas sob ameaça, informa o Gaeco à Justiça, foi feita em endereço do major reformado da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como Coronel, Barba ou ainda G.Santos.
Para a acusação, G.Santos era uma espécie de gerente da quadrilha, responsável por ações violentas, entre elas três roubos pelos quais o grupo é investigado, todos ocorridos no mesmo dia, em outubro do ano ado.
“Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos por esse Juízo, o Gaeco foi surpreendido por anotações designativas de assassinatos de 3 (três) pessoas referidas pelos codinomes
Gaeco em peça processual da Successione
“Betinho”, “Joel” e “Déa”, em manuscrito apreendido na residência do gerente maj QQPM Gilberto Luiz dos Santos(“Coronel”, Barba e/ou G.Santos”
Morte esperada 5hl24
Uma outra conversa descoberta pelo Gaeco, a partir da quebra de sigilo de dados, traz citação de homicídio envolvendo o grupo.
“Consta dos diálogos dos denunciados Diogo Francisco (“Barone”) e Mateus Júnior Aquino que – ao menos até a data da conversa (dia 23.11.2023)- era aguardada notícia do denunciado José Eduardo Abdulahad (“Zeizoi”, “Zenzo” e/ou “Z”) acerca do assassinato de “Macaule” (não identificado), pessoa até então caçada pela organização criminosa”.
Gaeco em peça processual
Transcrição de conversa entre investigados
Na conversa, Mateus e o interlocutor estão falando sobre a necessidade de falar com Zeizo pessoalmente.
Transcrição de conversa entre investigados
“Deve estar resolvendo alguma coisa importante né, tomara que seja que ele tenha conseguido pegar esse tal de Macaule, e sumir com ele”.
“Aí sim, aí ia ser uma notícia maravilhosa, a notícia do ano, a hora que ele der essa notícia aí, eu vou soltar fogos”.
Transcrição de conversa entre investigados
Diogo concorda.
Transcrição de conversa entre investigados
(“[…] Isso mesmo, ele também falou a mesma coisa para mim, a mesma coisa”
José Eduardo Abdulahd é um dos foragidos da operação. Na visão do Gaeco, ele também faz as vezes de gerente da organização criminosa.
Ao citar os indícios angariados, os integrantes do Gaeco usam como argumento para que a justiça decrete a prisão de mais três investigados.
“Há de se reconhecer o cenário de guerra entre organizações criminosas causado pelas ações dos investigados, sendo esperado que, se mantidos em liberdade, as ações se intensifiquem e terminem em assassinatos”, avaliam os integrantes do Gaeco.
Guerra pelo monopólio do bicho 6g4747
As três vítimas dos roubos sob investigação atuavam como “recolhes” de dinheiro do jogo do bicho de um grupo que ou a atuar em Campo Grande depois da operação Omertà, desenvolvida também pelo Gaeco e que resultou na prisão de Jamil Name, já falecido, e de Jamil Name Filho.
Ambos eram os chefes do jogo de azar na cidade, segundo as investigações realizadas. Sem a família Name, ficou um vazio de poder no negócio ilícito.
“De fato, após a deflagração da operação Omertà, que culminou com a desarticulação da organização criminosa liderada por integrantes da família Name, forte na exploração do jogo do bicho local desde os anos 1990, outros grupos criminosos migraram para Campo Grande visando assumir esse monopólio.”
Por isso, as ações violentas estavam em curso, conforme a análise do núcleo do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) dedicado a combater o crime organizado.
“Tudo pronto” 4q6f1s
Os detalhes das conversas captadas pelo Gaeco em dispositivos apreendidos indicam que o grupo supostamente chefiado por Neno Razuk estava pronto para começar a operar as apostas do bicho em Campo Grande, mesmo depois da apreensão de mais de 700 máquinas de registro de apostas apreendidas em outubro de 2023.

“O escritório está pronto, correto! Ninguém nem sabe onde é! Agora segundo ele eu tenho que a única coisa que eu tenho que ver agora é para contratar o pessoal e pôr na rua, porque ponto eu tenho cara. Vocês estão recolhendo alguma coisa? Não, só ficou na… depois desse vuco vuco, vocês não recolheram nada? Nem conseguiram sair para rua? Como que ficou isso daí?.
Digo em conversa descoberta pelo Gaeco
Do outro lado, a resposta de Mateus Aquino Júnior é que, depois da ação do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) na casa onde estavam mas máquinas de aposta, a movimentação cessou.
“Parou tudo cara, parou tudo! Porque as Máquinas tinham sido presas, né! E aí logo em seguida diz que chegou mais 800 oitocentas máquinas, mas é… ficou tudo parado”.
Mateus em conversa descoberta pelo Gaeco
Pelas palavras dos investigados, a previsão era de começar a exploração do negócio ilegal em janeiro de 2024, depois de uma ofensiva que, acreditavam, seria realizada contra o MTS, nome do grupo rival apontado como atuante no jogo do bicho.
“O denunciado Mateus Aquino Júnior Aquino propõe que se aguarde operação policial contra organização criminosa conhecida por MTS, para, com o enfraquecimento daquele grupo, encontrarem facilidades na investida”, observa a representação do Gaeco.
“É o que eu disse para você Diogo, a gente começar sem ter uma operação primeiro para colocar os caras para correr, aí fica difícil para a gente, porque a gente vai entrar de peito aberto aí não dá não […]”).
Mateus Aquino em conversa descoberta pelo Gaeco
Deputado como chefe 5t2lb
De acordo com o Gaeco, “com o avançar das investigações, mediante requisições de documentos, trocas de informações com unidades policiais e de inteligência, vigilâncias, entrevistas, reconhecimentos operacionais, tomada de depoimentos, buscas e apreensões, entre outras diligências, foi possível identificar que o denunciado Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk, constituiu uma organização criminosa dedicada a prática dos crimes de roubo majorado, exploração de jogos de azar, corrupções, entre outros.”
Pela definição do Gaeco, a organização é estruturalmente ordenada e com divisão, ainda que informal, de tarefas. A lei sobre esse tipo de crime prevê exatamente essa condição para configurar uma organização criminosa.
O objetivo do grupo chefiado por Neno Razuk, defende a acusação, “é obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais diversas, em especial prática ilegal de jogos de azar, jogo do bicho, caça-níqueis etc- lavagem de capitais, corrupção ativa/iva, roubos majorados, entre outros.”
As vozes de comando são de G.Santos e Zeizo, sugere o trabalho investigatório. Quem está na rua, narra a peça processual, não chega a ter o ao líder, o denunciado Roberto Razuk Filho.
Uma das principais provas contra o parlamentar, que afirma ser alvo de uma armação, é o fato de um dos carros usados para os roubos em investigação estar no nome do político.
Dos presos, três eram seus assessores diretos na Assembleia Legislativa.
Uma terceira evidência é a entrada de carros envolvidos nos assaltos a funcionários do jogo do bicho no condomínio onde Neno mora em Campo Grande.
Ao todo, são 15 réus, denunciados em dezembro à Justiça. Neste mês, a peça acusatória foi recebida pela juíza May Melke do Amaral Siravegna, que mandou oficiar a Assembleia sobre o processo contra o deputado, além de comunicar as defesas para apresentarem a resposta à acusação.
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O prazo é de 10 dias, depois da notificação.
O advogado de Neno Razuk, João Arnar Ribeiro, informou não ter sido oficiado ainda para responder a acusação.
Sobre as afirmações do Gaeco em relação a planejamento de assassinatos, disse que seu cliente não tem qualquer envolvimento com atividades ilícitas.
“Neno não tem relação tem com qualquer conduta ilícita, ou ameaça. Não cometeu qualquer ilícito e será demostrado no momento adequado”, afirmou.
Confira os réus da Successione 3ru1k
- Roberto Razuk Filho (Neno Razuk)
- Carlito Gonçalves Miranda, ex-policial militar de MS
- Diego de Sousa Nunes, ex-assessor de Neno na Assembleia
- Diogo Francisco (“Barone”)
- Edilson Rodrigues Ferreira (“Mentirinha”)
- Major PM Gilberto Luis dos Santos (“Coronel”, “G.santos” e/ou “Barba”)
- José Eduardo Abdulahad (“Zeizo”, “Zenzo” e/ou “Z”): está foragido
- Julio Cezar Ferreira dos Santos, filho de G.Santos
- Luiz Paulo Bernardes Braga (não foi localizado)
- Manoel José Ribeiro, o Manelão (sargento reformado da PMMS)
- Mateus Júnior Aquino
- Taygor Ivan Moretto Pelissari
- Tiano Waldenor de Moraes (não foi localizado)
- Valnir Queiroz Martinelli (“Cebola”)
- Wilson Souza Goulart (“Neguinho”)
- Diogo Francisco (“Barone”)
- Edilson Rodrigues Ferreira (“Mentirinha”)
Comentários (1) 1my5l
Lamentável meu comentário anterior não ser publicado achei estranho primeira página não pública a verdade que o leitor informa